sexta-feira, dezembro 29, 2006

A tradição já não é o que era

E com isto refiro-me ao ritual anual de celebração do Ano Novo, encetado pela minha família. A passagem de ano tinha lugar na casa dos meus avós maternos, assim como o dia seguinte que era celebrado com uma fabulosa feijoada. Recordo sempre com muitas saudades estes dois dias. Quando se aproximava a meia-noite, a minha avó chamava os seus 5 netos (são 6 actualmente, mas a mais nova não estava ainda prevista nessa altura) e distribuía a cada um, um par de tampas de tachos e panelas, os textos, para o alarido da meia-noite. E lá estávamos todos à meia-noite em ponto, a bater com as tampas. Depois dos cumprimentos habituais, o meu pai, juntamente com os meus tios, juntavam-se à mesa a jogar às cartas, com o meu avô que qual D. Corleone, “presidia” a mesa.

Paralelamente, a minha avó, a minha mãe e as minhas tias, ficavam na cozinha a ver os programas de fim de ano na televisão e a colocar a conversa em dia. Nós, os primos brincávamos com o jogo do loto. Aliás, o loto era o jogo de família no dia seguinte, a 5$00 o cartão.

Recordo-me de, ainda na véspera de Ano Novo, o meu avô juntar os netos todos para distribuir uma nota de 500$00 a cada um, eh eh eh.

Entretanto chega a altura em que o meu primo mais velho, o Quintóino, atinge a idade de soltura e passa a primeira passagem de ano fora de casa (nesta altura a minha prima mais nova já era nascida). Todos nós olhávamos para ele como se fosse um herói, do género “fogo, o gajo já passa o reveillon fora, já é maior e o caraças, e nós aqui nisto e tal”. Entretanto, um por um, lá fomos nós também rompendo a tradição de ficar nos meus avós. Fomos todos arranjado par, todos orientando a vida e apenas os meus pais e tios mantiveram-se fieis à tradição. Isto aplicava-se à véspera de Ano Novo. No dia 1 estávamos todos lá para a feijoada.

Actualmente, nada disto é o que era. O meu avô faleceu há dois anos atrás e a saúde da minha avó também já não é a mesma. De facto está até bastante debilitada. A família, bem, a família vincou mais as diferenças que sempre existiram mas que eram esquecidas nesta altura. Mantêm-se os vícios antigos, somam-se os actuais e quem condena, critica ou não agrada, é votado ao ostracismo. Mas isto foi sempre assim, mais dissimulado, mas sempre assim. Agora já não há porque dissimular. A tradição acabou e este ano já nem o almoço de Ano Novo vai concretizar-se. É pena. Mas a vida é assim. Terminam-se rituais e iniciam-se outros.

Quanto a mim, faço como os meus adorados Monty Python: “Always look on the bright side of life” e abalo assobiando...

Feliz 2007 a todos!

terça-feira, dezembro 26, 2006

Laura Brannigan - Self Control

Cais self control cais quê?! Já cá postei a letra, agora fica o vídeo. Só de ouvir dá vontade de começar logo aos pinotes. Os penteados do vídeo estão de regresso (olhem que já vi a Mónica Sintra com um penteado igualzinho ao da Jennifer Rush do "Power of Love" e ficava horrenda, mas enfim), as belas das botas por fora das calçanitas...até aqui tudo bem, agora pelo amor de Deus que NÃO REGRESSEM OS CHUMAÇOS!!!

P.S. E a música é libidinosa ca sa farta :D

segunda-feira, dezembro 18, 2006

O Natal

Como não podia deixar de ser, tenho que fazer aqui referência ao Natal, esse feriado que supostamente seria para celebrar o nascimento de Jesus, mas que hoje nada mais é do que um dia em que o cinismo se manifesta na sua origem mais pura. Claro que nem sempre pensei assim. Em catraia ansiava por este dia. Desde cedo que soube que o Pai Natal não existia, mas os meus pais mantiveram sempre a surpresa dos presentes na manhã de Natal até ao início da minha adolescência. E queria apenas relembrar aqui uma dessas manhãs de Natal, por tudo o que ainda hoje representa para mim (hummm, isto está a ficar um “cadito” lamechas). Adiante.

Tinha 6 anos. Dois meses antes, aquando o meu aniversário, já havia ficado completamente histérica quando vi uma Órbita vermelha novinha à minha espera no hall de entrada. Os meus pais andavam numa azáfama terrível e, ao contrário do que acontecia habitualmente, não me levavam às compras com eles. Deixavam-me com os meus avós. Suspeitei imediatamente de que estivessem a fazer as compras de Natal e passei as duas semanas anteriores a essa data, a vasculhar os cantos à casa à procura dos presentes escondidos. Mas nesse ano os meus pais queriam evitar a todo o custo que eu soubesse antecipadamente o conteúdo dos embrulhos, como havia acontecido nos dois anos anteriores, já que eu não expressei qualquer surpresa quando desembrulhei os ditos no dia de Natal. E conseguiram. Corri os cantos todos à casa, mas em vão. Não encontrei nada.

Na véspera de Natal fui dormir com a desilusão de ter apenas, perto da árvore de Natal, os presentes dados por familiares e amigos.

Na manhã do dia 25, levantei-me para beber água. Faltava-me uma pantufa. Fui descalça para a cozinha e deparei-me com uma montanha de presentes em cima da tampa do fogão. E com a minha pantufa também. Agarrei nos que consegui e saltei para a cama dos meus pais, completamente enebriada. Nem queria crer!! Os meus olhos faíscavam!! Os meus pais olhavam para mim completamente embevecidos. Nunca mais vou esquecer-me desse Natal.

Agora que espero um filho, pergunto-me se irei achar graça ao Natal novamente. Mas acima de tudo anseio por sentir o mesmo que os meus pais sentiram quando viram a alegria da filhota deles a desembrulhar os presentes e a agradecer-lhes com o olhar pois nem conseguia falar! A mesma alegria que vi 22 anos depois quando desembrulhei um presente de casamento que eu nunca havia esperado receber. Um presente de casamento que afinal era só mesmo para mim.

E antes que abra aqui o berreiro, deixo a lista de presentes que recebi (dos meus pais) há 25 anos atrás. A saber:
- Um pónei azul (My Little Pony) com cabelos cor de rosa;
- Um conjunto de tecelagem (até fiz uma carteirinha em lã para colocar o passe);
- Uma boneca de trapos que ficou a chamar-se Patusca (porque, de facto, era-o);
- A quinta dos Pin Y Pon’s
- Uma camisola do Balão;
- Umas peúgas com corações;
- Dois pares de cuecas: um com o desenho do Piu-Piu e outro com o Sylvester;
- Um par de ganchos para o cabelo, em forma de laçarotes.

Sem cinismos, desejo-vos “ A TODOS UM BOM NATAAAAAALLL” !!!

terça-feira, dezembro 05, 2006

Vasco, querido Vasco

Principalmente depois da Mipinha o ter mencionado no comentário ao post anterior. Ei-lo: Vasco Granja, aquele que quase só apresentava desenhos animados da ex-União Soviética.



Recordo-me em especial de um ursinho de peluche animado. Acho que era dos poucos desenhos animados "soviéticos", ou mesmo o único, que eu achava alguma piada. Todos os outros eram incrivelmente chatos! Mas verdade seja escrita: Vasco Granja na TV significava que estava na hora dos "bonecos" YEEEEIIII
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