quarta-feira, maio 16, 2007

Veia Poética

Sempre gostei de poesia. Na escola primária, aquando as redacções, perguntava sempre se podiam ser em verso. Achava graça ao rimar e procurava as palavras mais estranhas e sem sentido para o fazer. Depois aprendi que afinal a poesia não era só rimar. Maravilha! Assim escusava-me de inventar versos incoerentes.

A adolescência não tardou e qualquer paixoneta que nutrisse, serviu sempre de "musa inspiradora". E aos 12 anos, apaixonei-me por aquele que me faria escrever prosas e poemas que lhe dedicava em sofrimento. Achava poético sofrer de amor. Adorava (e continuo a gostar, mas não da mesma forma) Florbela Espanca. E Sofia de Mello Breyner, pela sua paixão pelo mar.

Bom, no ano seguinte, dois dias antes do dia de S. Valentim, resolvi escrever um poema e enviá-lo ao moço atrás referido. Assinei com um "Y", pois na altura ele conduzia um Y10. Ele soube sempre que fui eu, mas gajas com curvas e enooormes seios (e da idade dele) eram bem mais interessantes. Aqui fica o dito:

Queria definir-te....não sei como
Talvez como um céu
negro e nublado com nuvens prontas a descarregar
Mas não pareces tu...
Ou talvez, depois da chuva te defina
como um céu azul, calmo e límpido, suave e terno
Mas não pareces tu...
Tu és mais que um céu azul, pleno de suavidade e ternura
És mais quente que o Sol e mais vago que o Universo
Não és Deus, mas és quase a sua perfeição
És mais doce que um fruto do pomar
És mais que um sopro de vento que faz ondular cabelos
És...
Queria definir-te...
Mas não sei como....

domingo, maio 06, 2007

"Querido Diário" - Excertos

Haviam de ser enxertos, mas enfim. Ora aqui vão alguns dos primeiros:

"Sábado, 12/10/1985

Querido Diário, ontem já fui à escola. A professora parece ser boa, mas é a de Estudos Sociais (e?????) e ela também já deu o envelope das regras (regras em escolas de Marvila? Yeah right!) e os horários. Se tu não te importas, eu vou colar a Madonna na folha do lado (credo). Tudo está bem para mim (ainda bem miúda) e já vou para a escola Segunda-Feira (calegria).

Adeus Diário"

"Quarta-Feira, 22/01/1986

Querido Diário, hoje aconteceram-me uma data de coisas (ca maravilha). A minha professora de ginástica mandou-me saltar de trampolim, foi tão bom!! (Se fossem cambalhotas queria ver-te a levantar esse traseiro oh croma da ginástica)Depois foi na aulda de Inglês, fiquei junto dos rapazes nas secretárias, que horror (not). Eu queria contar-te um segredo mas tenho medo que te leiam.

Adeus Diário"

Ora bem, obviamente que não achei um horror ficar ao pé dos rapazes. Mas era tão grande o medo que a minha mãe pudesse ler o diário, que eu optei por manifestar desinteresse pelo sexo oposto. Tinha 10 anos! Aparentemente é agora mais natural ter namorados com esta idade, mas naquela altura ou namorava às escondidas, OU NAMORAVA ÀS ESCONDIDAS! Mas sempre havia todo aquele ritual dos papelinhos com o "gostas de mim, sim ou não?", os corações talhados nas secretárias com inscrições no interior, as borrachas besuntadas com o nome do puto ranhoso e por aí fora. Sim, de alguma forma, tudo isto me parece bem mais divertido que os processos actuais de "enamoramento".

E ainda bem que me aconteceram "uma data de coisas". Se uma data de coisas significava saltar de trampolim (eu tive sempre negativa a Educação Física) e sentar-me ao pé de rapazes...Jasus!!!!
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