quinta-feira, junho 21, 2007

O Parto!

A pedido de muitas famílias, bem, a pedido da minha família...ok, a pedido do meu primo Quintoino, cumpre-me descrever o meu dia de parto. Faz hoje precisamente um mês e neste momento o meu petiz dorme no meu quarto (finalmente adormeceu!!!).

O parto teve de ser induzido porque o meu filho não estava a ganhar peso (causa: mamã stressada), pelo que não merecia a pena aguardar que entrasse em trabalho de parto naturalmente. Nasceu ao fim de 39 semanas. Ora pois bem, no dia 21 de Maio, às 09h00, estava eu e o meu esposo na MAC (Maternidade Alfredo da Costa) a aguardar pela minha obstetra. Lá chegou e após me ter feito o malfadado toque (é horrível, horrível) mandou-me para o CTG, o aparelho que mede as contracções e as batidas do coração do bébé. Também no CTG estava uma moçoila de 17 anos que depois ficou na cama ao lado da minha. Entretanto lá aparece novamente a minha médica e encaminha-me para as enfermeiras para que eu fosse "preparada" para o parto.

A "preparação" consistia na depilação, ainda que em pequena quantidade, da porta de saída da criança e em dois microgel para que não houvessem surpresas aquando a expulsão do bébé. Vestiram-me uma camisa de dormir com abertura à frente, género Demis Roussos e deram-me um penso megasize que me pediram para segurar entre pernas. E eu tudo bem. Não haviam chinelos disponíveis, pelo que tive de andar com os meus sapatos até que o meu esposo me trouxesse a trouxa. Linda figuraça. Após certificar-me de que ficara com as tripas bem limpas, lá fui eu para um quarto onde me iriam induzir o parto. Soro e 25 mg de oxitocina (acho que é isto, chamavam-lhe PO) directamente nas veias e ligada, mais uma vez, ao CTG. Mandaram o meu marido embora porque ainda ía demorar até que pudesse assistir ao parto. Deviam ser umas 11h00.

Estava eu já com umas piquenas mas suportáveis contracções, quando aparecem umas velhotas de bata amarela, todas supé bem. Eram voluntárias e faziam companhia às parturientes. Entre uma conversa aqui e outra acolá com cada velhota que aparecia, lá vinha uma enfermeira enfiar a mão na porta para ver quantos dedos de dilatação eu tinha. Por volta das 14h00 aparece a minha médica:

- Camélia, vou aumentar-lhe a dose de PO para 50 mg de forma a que chegue aos 3 dedos de dilatação para lhe ser administrada a epidural.
- Tudo bem, Dra.

Assim que me aumenta a dose, as dores aumentaram também. E eu já a dizer mal da minha vida. Minutos depois, aparece um médico alto e gordo (que horas mais tarde vim a saber que era o chefe da minha médica), com uma trupe de estagiárias atrás e toca de enfiar a mão na minha porta:

- Ainda não rebentaram as águas desta senhora!! Vou já tratar disso!

E antes de sair para ir buscar o instrumento que iria rebentar-me as águas, aumenta-me a dose de PO para 75 mg. Julguei que morria!! Disse logo:

- Dr., Dr., a minha médica ainda agora aumentou a dose para 50 mg!!!!

O tal Dr. nem quis saber. Saíu porta fora desembestado, com a enfermeira no encalce para alertá-lo sobre a dose. Ninguém aparecia e as dores aumentaram de tal forma que eu já nem via nada à minha frente. Fiquei a saber que a minha linguagem não se altera só quando conduzo. Em trabalho de parto o meu vernáculo também sobressai (mas sempre entredentes, claro, não ía dar nenhum show). Ninguém aparecia e as p**** das dores não cessavam. Pensei que me partia ao meio. Completamente passada, olho para o tubo do PO e vejo o doseador. Nem pestanejei, reduzi aquilo novamente para os 50. Só pensei "vão mas é fazer dores ao ca*****"! A enfermeira entretanto regressou e reparou que a dose estava outra vez nos 50:

- Ah, já cá vieram reduzir-lhe isto!

- Sim, sim, já cá vieram e tal :P

5 minutos depois e rebentam-me as águas. Chamei logo a enfermeira antes que o médico bruto aparecesse.

- Olhe, eu acho que me rebentaram as águas (pudera, com aquela dose de PO, mais uns minutos e eu explodia).

Chamam as anestesistas. Pedem-me que assine um termo de responsabilidade. Eu assinava tudo. Só queria que me tirassem aquelas dores. Ouvi n vezes que tinha a coluna torta. Estiveram tempos para me darem a epidural pois tinham de acertar no "sítio". E as contracções a aumentarem.

Lá me deram a epidural. Doeu um bocado. Minutos depois não se passava nada comigo e lá continuei na palheta com as velhotas. Por volta das 16h00 aparece outra enfermeira. Olha para o CTG e depois para a minha cama:

- Já mal se consegue apanhar o batimento cardíaco do bébé e você tá cheia de sangue - e toca de meter-me a mão na porta - você já está com 10 dedos de dilatação!! Está em trabalho de parto!!!

- Ai estou?! - e as velhotas todas histéricas a bater palmas e a darem-me os parabéns

Chamam o meu marido. Digo à enfermeira:

- Sra. enfermeira estou a começar a sentir umas dores...

- Ah isso é o efeito da epidural a passar

- Mas vão dar-me um reforço, não vão?!

- Agora já não minha querida, senão você não sabe fazer força.

- Tou f***** (dito entredentes).

Em segundos passei da descontracção para a contracção agonizante. Mesmo assim ainda discuti com o meu esposo porque ele queria assistir mas eu pensava que o estava a fazer porque ele pensava que eu queria, mas eu não queria obrígá-lo, por mim tudo bem, mas afinal ele queria assistir mesmo, não era só para me fazer a vontade e eu depois já nem lhe disse mais nada porque as dores não deixavam.

Aparece a minha médica. E mais 6 médicos e médicas. E mais 3 enfermeiras. E as velhotas que não saíam de lá. E o meu marido com vontade de aviar socos às velhotas. Pediam para fazer força como se estivesse a fazer cócó. E para eu descontrair. Para não me enervar (e eu fo**-se! Com dores destas querem o quê??). Não fui histérica, mas confesso que "gani" um bocado. São dores horríveis. Nunca olhei. Estive sempre com os olhos fechados enquanto fazia força. De repente a minha médica pede que o meu marido saia pois tinham de fazer um parto assistido, ou seja, o meu puto teve de sair com ventosa. Ainda senti cortarem-me. Não vi logo a cara do meu filho. Só vi minutos mais tarde quando o meu marido apareceu com ele ao colo. Estava com os olhos bem abertos! Eu já estava a ser cosida, segundo a médica "um autêntico bordado de bilros" quando o vi. Primeiro pensamento:

- Ai filho, ca feio que tu és. Credo!

Mas não é feio. É lindoooooo. E rabugento! E chorão! E lindoooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooo. E faz-me a vida negra. Mas é tão lindooooo!

Resta acresentar que fiquei duas semanas sem conseguir sentar-me, a não ser numa almofada daquelas com um buraco no meio, pois o puto não estava encaixado e nasceu com a mão à frente da cara. Fui toda cortadinha para que ele pudesse sair. Ainda dizem que a maternidade é linda....:S

quinta-feira, junho 14, 2007

Por causa das manias!!

Desde os 9 anos que uso óculos e sempre detestei, embora as armações actuais sejam bem mais atraentes que as de outrora. Adiante. Assim que tive oportunidade, ou seja, assim que comecei a trabalhar, com a tenra idade de 17 anos (fora os "biscates" e trabalhos de férias desde os 13), tratei logo de adquirir um par de lentes de contacto. Custaram 40 contos, literalmente os olhos da cara, e duraram pouco tempo pois passava a vida a perdê-las e não podia dar-me ao luxo de dar 20 contos por uma lente nova.

Foi então que decidi usar os óculos apenas no trabalho e na faculdade, mas só nas aulas. Achava que ficava bem mais jeitosa sem os óculos...nem comento!

Com um grau de astigmatismo bastante acentuado, sem os óculos, as pessoas ao longe pareciam-me desfocadas e pensava distingui-las por determinadas particularidades, como o andar, o cabelo...tanta vez na faculdade que acenei a pessoal que não conhecia de lado nenhum, tanta vez!

E foi na faculdade que tive um episódio bem caricato graças à porcaria da mania de andar sem os óculos. Tirei a licenciatura à noite e saía sempre entre as 23h30 e as 00h00 e quando não tinha boleia dos meus colegas, apanhava o autocarro. Numa dessas vezes em que aguardava o dito - sem óculos -, o meu Professor de Estatística (Prof. Balacó um grande bem haja) ofereceu-me boleia:

- Camélia, já é tão tarde, eu deixo-a em casa. Onde mora?
- Oh Professor não é necessário, muito obrigada. Já aí vem o autocarro (e aponto para cima onde a caminho vinha o transporte)
- Camélia, por favor, deixe-se disso. Não há qualquer problema. Eu deixo-a em casa!
- Oh Professor, por amor de Deus, então se o autocarro já aí vem....

O Professor afastou-se um pouco ofendido. Só percebi porquê quando o autocarro chegou: ERA O CAMIÃO DO LIXO!!!!!!

Resta dizer que no dia seguinte fui imediatamente justificar o sucedido :S
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