sexta-feira, janeiro 26, 2007

Carochas e Pães de Forma

Tinha eu os meus 9 anos quando o meu pai resolveu comprar um carro. E optou por um carocha de 1966, bege e de estofos bordeaux, que o meu avô, o seu pai, tinha à venda pela módica quantia de 50 contos. Duas semanas mais tarde, o meu pai apareceu com o carro modificado (nada a ver com tunning): em vez de bege, era côr de mel!Lindo!

Ninguém podia vestir cores claras se fosse fazer viagens naquele carro. Quando acelerava, entrava todo o tipo de poeira por baixo. Uma viagem de 3 horas, naquele carro, durava o dobro. De vez em quando caía o pára-choques ou colava a buzina, mas o meu pai dizia: pode ser velhinho, mas tem cá um motor!! Chegou a providenciar-nos verdadeiros momentos de suspense quando ficou apeado em plena linha do comboio e não queria pegar. E o sinal sonoro a gritar desalmadamente. E o comboio a avistar-se no horizonte. Mas lá pegou! E assim foi durando o nosso carocha e nós, apesar de ser apenas um carro, afeiçoámo-nos à “viatura do povo”.

O meu pai costumava ir buscar-me ao liceu às Sextas-Feiras que era o dia em que saía mais tarde quando frequentava o 7º ano. Também era nessa altura que dava a novela D. Santa. Se se recordam a D. Santa era uma viúva italiana, emigrada no Brasil e que ganhava a vida como taxista....NUM CAROCHA! Pois que nada me fazia mais feliz (NOT) do que abalar com o meu pai no carocha e levar uma comitiva de colegas meus, putos ranhosos, a correrem atrás do carro, batendo palmas e cantando:

“Oh Santa, Dona Santa
Como alegre é seu jeito
Na rua, em casa, na igreja
Que mulher sem defeito...”

Aquilo mexia cá com os nervos de uma maneira!!! Estavam nas tintas para o meu pai (que se fartava de rir com a situação, achava graça aos miúdos). Corriam atrás do carro a cantar e pronto!! Agora imaginem a festa que foi quando os meus avós me foram buscar numa “pão de forma”!!! Perguntaram logo se a minha família tinha quota na Volkswagen. Ainda por cima os estofos da carrinha tinham as molas soltas o que implicava uma viagem inteira sempre a “dizer que sim”. Excepto quando a estrada tinha buracos maiores que os habituais. Aí eram mesmo cabeçadas constantes no tejadilho. Também era perfeita para dar boleia à malta lá da terra depois de um dia de feira. Viajar com galinhas, coelhos, couves e com malta que só se lava aos Domingos e têm os dentes como o teclado dum piano (3 brancas e uma preta)!!!

Mesmo assim. TENHO SAUDADES!!!

quarta-feira, janeiro 17, 2007

Yazoo - Dont Go

Toca a abanar a pandeireta!!!! Ai que saudades dos bailes lá da minha rua...ai saudade!!

Já agora, por acaso a moçoila não é a Allison Moyet (tá bem escrito) e o rapazote, o dos Erasure, ou dos Pet Shop Boys?! Conheço esta malta de algum lado....

sexta-feira, janeiro 12, 2007

A Pancada III

Hoje recebi a notícia de que o Canina foi pai de uma menina. Somos ambos da mesma idade (ou como dizem os meus pais, da minha criação) e nos meus verdes 10 anos nutria uma paixão ranhosa por ele. Dávamo-nos muito bem como amigos, mas nada mais. Entretanto fomos ambos para a mesma escola preparatória. Ele era o típico aluno atleta, com negativas ou notas pouco satisfatórias a todas as disciplinas à excepção de Educação Física, e eu era a típica naba, com negativa a esta última e notas excelentes a tudo o resto. Convinha sempre ter uma tipa como eu por amiga. Para os trabalhos de casa, testes...bom, no caso do Canina, os testes não se incluíam porque não éramos da mesma turma. Mas o Canina era muito concorrido lá na escola. Muitas namoradas aqui e ali. E eu a observar de longe.

Ao final de cada dia de aulas, no autocarro, o Canina começava a falar das namoradas:
- Ah, a “não sei quantas” hoje foi lá para trás comigo para uns xoxos e tal...

(Antes de prosseguir com este texto, quero só manifestar a minha profunda aversão pela palavra xoxo (tira toda e qualquer magia ao que eu penso do beijo) e que o “lá para trás” era o sítio proibido da escola. Este e a mata. "Lá para trás" estava o pessoal a curtir e a malta que fumava. Na mata estava o pessoal que...estava o pessoal tipo a minha colega Cristina que apareceu na aula de Português sem soutien e, sabe-se lá porquê, partilhou comigo, não só a ausência da referida peça, como também os detalhes de como a perdeu.)

Adiante

E eu, completamente lixada com as histórias dos xoxos, dos linguados e dos apalpões, só sabia vangloriar-me daquilo que eu fazia melhor: estudar.

- Ah, sabes quanto é que eu tive a Inglês? 100%!! E o stôr de Matemática hoje até me elogiou (mas que croma Camélia Vanessa) e fui 5 vezes ao quadro porque os meus colegas não sabiam resolver os problemas e coiso.

E com isto, o Canina passava-me a mão pelos cabelos e dizia, em jeito de ternura:
- Sabes que sempre foste um craniozinho, não sabes?

E eu ficava toda contente com isto. Feliz da vida como se tivesse ganho a lotaria!!

Num belo Sábado, enquanto andava de skate com ele, enchi-me de coragem e “declarei-me”. O Canina ficou, na altura, sem qualquer capacidade para responder-me. Fomos para casa e passei o Domingo em pulgas pois queria saber o que iria dizer-me. Na Segunda-Feira, à porta da escola, o Canina diz-me:
- Olha, estive a pensar no que me disseste e quero fazer-te a seguinte proposta: não gosto de ti para namorar, mas podes dar-me um beijo na boca todos os dias como se fosses cumprimentar-me.

Perante isto, comecei a cumprimentá-lo com “quartos d’hora” (vulgo calduço no pescoçame) e comecei a gostar do Hugo da minha turma!

“Só se cura a mordida de um cão, com o pêlo de outro”.

Em jeito de final, anos mais tarde o Canina veio a desenvolver uma paixão assolapada por mim, mas sem sucesso. A amizade, essa, manteve-se sempre. Portanto Canina, os meus parabéns e muitas felicidades para ti, esposa e bébé!!!

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Kaoma - Lambada

Ora aqui está um ritmo que nunca consegui dançar. Aquele balancear constante do "anquedo" dava a impressão que iria desengonçar-me a qualquer momento. Todavia, a moda da saia lambona pegou, não para mim claro, e vi muita moçoila a lambar por aí fora, principalmente no liceu. Recordemos!

terça-feira, janeiro 09, 2007

Anedotas "à pala" de...

...Samora Machel, o primeiro presidente de Moçambique. O Sr. em questão era o alvo preferido da malta no que a piadas e anedotas dizia respeito. Depois eram os alentejanos. Recordo-me de piadas como:

- Porque é que o Samora Machel fez a casa redonda?
- Para não fazer xixi nos cantos

- Porque é que o Samora Machel está sempre a sorrir quando há trovoada?
- Porque pensa que estão a tirar fotografias

- Porque é que o Samora Machel come o chocolate com luvas brancas?
- Para não comer os dedos

E por aí fora...



Faleceu em 1986 e a partir daí, como é óbvio, deixaram de existir anedotas associadas ao nome dele e passaram a referir-se aos negros. Mantiveram-se as dos alentejanos.

Por mim, podiam inundar-me com piadas sobre brasileiros e antes que venham arremessar-me com comentários impiedosos, lembro que os tugas, na figura do "Sr. Manuel" são o alvo favorito dos brasileiros para anedotas. Assim como os polacos e os judeus para os americanos...and so on, and so on
Powered By Blogger