sexta-feira, outubro 13, 2006

Armas de arremesso

Quando ficava sozinha em casa, corria para a varanda, munida de batatas greladas para arremessar a quem passava na rua. Depois escondia-me, claro, e ficava divertida a ouvir os comentários das pessoas, do género: "quésta merda?!" ou "se te apanho aperto-te o pipo". Chegava a cortar as batatas em cubos para render mais.

Também costumava experimentar a sorte à noite, enquanto a minha mãe ficava hipnotizada a ver a novela e o meu pai ía até à rua beber café. Nessas alturas, e para não estar sempre a passar pela minha mãe para reabastecer o meu stock de batatas, até o carvão para o churrasco ou os "terrões" dos vasos serviam. Cheguei a trocar munições com a minha vizinha do lado, dependendo da localização do alvo. Ficávamos horas a rir do figuraço do pessoal a "mandar vir" em todas as direcções com a esperança de vislumbrar alguém suspeito. Quando a minha prima passava fins de semana comigo, também alinhava na brincadeira e até conseguia encontrar pedras para atirar, após esgatafunhar arduamente, os vasos da minha mãe.

Até pedras do aquário dos meus pais utilizei como arma de arremesso. Até ao dia em que acertei no meu próprio pai, que ao reconhecer as pedras, galgou as escadas do prédio sem paciência para esperar pelo elevador, e meu presenteou com uma vigorosa chapada dos dentes que me fez sentir como se tivesse injectado as beiças com silicone, botox ou até picante (fiquei com beiças pisca-pisca).

Hoje também gostava de fazer o mesmo. Sem o risco da chapada nos dentes. Aliás, sem qualquer risco associado. Mas daqui do terraço do meu local de trabalho. E nada de batatas. pedras ou terrões. Era mesmo com os cócós dos pombos que povoam os beirais destas janelas. E com clips, mas numa fisga porque assim dói mais!

Já me sinto melhor. Não descomprimi da forma que queria, mas confesso que ter expressado esta minha vontade, me deixou bem mais solta. Bom fim de semana!

10 comentários:

C. disse...

E balões de água? E iogurte? Ah pois é! Sua principiante... Pffft.

Camélia disse...

Principiante não, CRIATIVA!!! Ou pensas ca nhamãe me dava dinheiro p/comprar essas coisas?! Olha o meu esposo, que morava uns prédios mais acima é que utilizava as mesmas armas que tu. Pffft, pindéricos, meninos da mamã, cócós :P

C. disse...

A tua mãe maltratava-te, Camélia... A negar-te bens de 1ª necessidade! Mas olha que isso explica muuuuita coisa!

Camélia disse...

Opááááaaaaa :S

Mipo disse...

ai, meninas, que falta de sofisticação... bolas de Natal! Bolas de Natal é que era, eu vos digo! O efeito era incomparavelmente mais glamouroso!

Mipo disse...

(confesso que batatas foi a primeira vez que ouvi! lolololololololol!)

C. disse...

Bem, a Mipo não brinca em serviço... Bolas de Natal, daquelas de vidro? Quantos mandaste para o hopital, tu?

Se bem que levar com uma batata na pinha... vai lá vai. Vocês as duas são perigosas. Ainda bem que vão comigo para o Iraque. Sinto-me protegida!

Camélia disse...

Bolas de Natal?! LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL

O Iraque nunca mais será o mesmo após a nossa visita!

C. disse...

Como diria a minha avó, "ai não ó!"

Magnolia disse...

Eu tenho medo de vocês... epá... tenho.

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