domingo, maio 06, 2007

"Querido Diário" - Excertos

Haviam de ser enxertos, mas enfim. Ora aqui vão alguns dos primeiros:

"Sábado, 12/10/1985

Querido Diário, ontem já fui à escola. A professora parece ser boa, mas é a de Estudos Sociais (e?????) e ela também já deu o envelope das regras (regras em escolas de Marvila? Yeah right!) e os horários. Se tu não te importas, eu vou colar a Madonna na folha do lado (credo). Tudo está bem para mim (ainda bem miúda) e já vou para a escola Segunda-Feira (calegria).

Adeus Diário"

"Quarta-Feira, 22/01/1986

Querido Diário, hoje aconteceram-me uma data de coisas (ca maravilha). A minha professora de ginástica mandou-me saltar de trampolim, foi tão bom!! (Se fossem cambalhotas queria ver-te a levantar esse traseiro oh croma da ginástica)Depois foi na aulda de Inglês, fiquei junto dos rapazes nas secretárias, que horror (not). Eu queria contar-te um segredo mas tenho medo que te leiam.

Adeus Diário"

Ora bem, obviamente que não achei um horror ficar ao pé dos rapazes. Mas era tão grande o medo que a minha mãe pudesse ler o diário, que eu optei por manifestar desinteresse pelo sexo oposto. Tinha 10 anos! Aparentemente é agora mais natural ter namorados com esta idade, mas naquela altura ou namorava às escondidas, OU NAMORAVA ÀS ESCONDIDAS! Mas sempre havia todo aquele ritual dos papelinhos com o "gostas de mim, sim ou não?", os corações talhados nas secretárias com inscrições no interior, as borrachas besuntadas com o nome do puto ranhoso e por aí fora. Sim, de alguma forma, tudo isto me parece bem mais divertido que os processos actuais de "enamoramento".

E ainda bem que me aconteceram "uma data de coisas". Se uma data de coisas significava saltar de trampolim (eu tive sempre negativa a Educação Física) e sentar-me ao pé de rapazes...Jasus!!!!

2 comentários:

Celi M. disse...

Confesso que recebi com algum respeito(qué pa não dizer medo)a noticia de achado de tais diarios. Acho que alguém que olha para o passado pela memória fá-lo sempre da maneira mais egoista. Lembramo-nos das coisas boas e mais marcantes. Um diario tem tudo o que se passou em nós. E as vezes podem-se apanhar sustos. =P Mas estes excertos são uma espetacular viagem a minha infancia de 10 anos. E nessa altura ainda nem tinha nascido! Há coisas que não mudam! =)

Camélia disse...

Também concordo. O mundo pode "evoluir", mas o tipo de situações por que passamos enquanto crescemos, acabam por ser muito comuns entre toda a gente.

Mas acredita que já estou fartinha de me rir com a leitura dos ditos :D

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