quinta-feira, junho 01, 2006

Camélia na natação

Sem ser de todo uma homenagem à Anita e às suas aventuras cujos livros, desde a “Anita em Viagem” até à “Anita Mamã” guardo religiosamente, este “Camélia na natação” é apenas um breve texto sobre alguém – EU – que decidiu aprender a nadar aos 20 anos e já que hoje abriu oficialmente a época balnear, este relato encaixa aqui que “nem ginjas” (por acaso já bebia uma ginjinha com elas ali no Rossio...ai ai).

Até à idade em questão, o meu corpinho viveu na ignorância de uma braçada e de um mergulho sem ter a mão a pressionar o nariz. Enquanto petiz, fugia a sete pés do mar, rios e piscinas. Lembro-me dos tempos em que ía com os meus pais passar fins de semana à Costa de Caparica para casa (clandestina) de uns amigos, e ficava-me pela beirinha do mar, numa qualquer pocinha de xixi ou a pular ondinhas. Detestava quando os meus pais encetavam uma verdadeira perseguição com um balde cheio de água porque achavam que de cabeça molhada eu devia sentir-me melhor. Perseguição, porque eu corria que nem doida assim que os via com o dito balde na mão. O melhor da Costa para mim era andar às cavalitas do meu pai ou do Jorge Coelho (que era jogador de basquete no Estrelas da Avenida....que cagona que eu sou) à noite, pela Rua dos Pescadores. Ricos tempos.

Depois veio a adolescência e eu ainda sem saber nadar. Ora isto significava o degredo para quem começa a querer arranjar namorados e dar um pouco nas vistas. Consegui dar nas vistas. Primeiro, porque quando tentava boiar, o meu rabo ficava literalmente ancorado na areia e só se viam pés, braços e a cabeça no ar a tentar não engolir pirolitos. Segundo, porque cada vez que mergulhava, ou batia com a testa na areia ou então caía de chapão o que, como devem calcular, é extremamente doloroso para quem mergulha com água pelos joelhos. Terceiro, porque quando o mar estava agitado eu era literalmente atirada borda fora, borda fora do mar e borda fora eeerrr do biquini (aquelas ondas de chapão no rabo eram terríveis). Lá aceitei o meu destino e optei por dar nas vistas nas matinés do Crazy Nights e do Loucuras. Mas os meus pais nunca me deixaram ir. Só às festas do liceu e..e...

Alcançados os 20 anos de idade, a trabalhar de dia e com a faculdade nas lides nocturnas, eis que tomei a decisão de ir para a natação. Já estava farta de fazer más figuras. E lá fui eu, para uma piscina municipal perto do meu local de trabalho. Como tinha duas horas de almoço, podia aproveitar. Eu era a benjamim da turma. Quando cheguei à piscina fiquei toda contente porque as minhas colegas eram senhoras entre os 60 e 80 anos. E eu pensei: isto está no papo. Aqui vou ser a melhor aluna. Melhor aluna uma gaita!!! As velhotas tinham uma agilidade brutal. Então a nadar de costas. Meu Deus!! A meio da piscina já estava eu quase a afogar-me e elas a ultrapassarem-me em grande velocidade. Quando a nossa professora ensinou crawl (ou seria mariposa?), eu pensei que morria. Lembro-me das preciosas instruções, que não segui: dão uma braçada, depois outra e depois vêem à superfície e respiram pela boca.

Dei uma braçada, depois outra e respirei pela boca, mas só depois é que vim às superfície. Senti que tinha engolido meia piscina. A D. Hortência, uma velhota com uma toca toda florida, só olhou para mim e disse: ai filha que nojo. A gente aqui com os nossos genitais e você bebeu essa água toda...ca rico apoio oh D. Hortência!!! Já nem fiz mais nada naquela aula. Fiquei duas horas a ver nublado e cada vez que respirava cheirava-me a lixívia. Só estive lá 6 meses. As velhotas eram muito à frente.

Hoje já dou mergulhos sem ter a mão no nariz, mas não consigo evitar os chapões. Aguento-me bem a nadar de costas, mas de bruços não saio do mesmo sítio. Os pirolitos mantêm-se frequentes e de vez em quando, mas só de vez em quando, coloco-me de cócoras e dou aos bracinhos. Ao longe parece que estou a nadar. É só estilo.

5 comentários:

Folha de Chá disse...

:) Isso com o tempo vai. Com muitos pirolitos vai. Melhor é escolheres uma piscina sem genitais velhinhos... eh eh

Mipo disse...

LOLOLOLOLOL pois eu era o oposto - atirava-me para dentro de água como se tivesse guelras! Muito pirolito engoli e muitas vezes fui cuspida! E passei 10 anos a nadar à cão. Ainda hoje só sei nadar de bruços...

Camélia disse...

Oh meninas, é com cada figurinha que faço :S

Magnolia disse...

LOOOOOOOOOOOOOL!!! E daquela vez na Costa que eu quis ensinar-te a mergulhar à sereia (realmente não sei porquê, o teu natural style era fantástico... cof) e tu ias com a cara de chapão à água e o cuzinho ficava de fora?? Tão linda a minha mana...

Camélia disse...

Opá não te rias! Pelo menos eu sempre tentava, mas nunca consegui emergir com o cabelo para trás :S

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